O Apocalipse
Caros leitores,
Hoje, deixo-vos um texto magnífico que me deixou o coração a palpitar. Seria impossível descrever a imensidão de sentimentos que este fantástico enredo me fez sentir. Este texto foi-me lido, por acaso, durante uma aula na FLUL (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa). Escrito por uma rapariga talentosa, acabou por me inspirar a escrever mais e mais. Por isto e muito mais, trago-o hoje aqui.
A rapariga de quem falo chama-se Ana Raquel Lopes. Podem encontrar mais palavras e pequenos textos desta autora no seu blog ( http://scripturientlypophrenia.blogspot.pt/ ). Vale mesmo a pena! Leiam atentamente e deixem as vossas opiniões nos comentários.
Espero que gostem! Obrigada!
"Irmãos, oiçam-me enquanto há tempo, o fim vem aí! O fim vem aí e levar-vos-á a todos com ele se não se arrependerem. É hora! Confessem os vossos pecados e serão perdoados, permaneçam calados e pecaminosos e serão castigados. Juntem-se a mim, peguem na minha mão e oremos juntos. Unidos sobreviveremos ao fogo eterno que assolará o nosso mundo, venham! Este será o fim revelado no Grande Livro, este será o Apocalipse, os Selos serão abertos, a Terra tremerá, a fome e as pestes já nos tocaram. Um anjo revelou-me no meu sono, apenas aqueles que acreditarem em Deus e no seu filho poderão sobreviver. Tu, irmão, acreditas no Senhor? Acreditas no poder das suas mãos? Acreditas no filho de Deus que morreu pelos nossos pecados? Pois bem, se a tua resposta é não, irás arder com o anjo caído, e quando a Primeira Trombeta tocar, arderás juntamente com as árvores. E quando tentares salvar-te, correrás para o mar e ouvirás a Segunda Trombeta, e ficarás a nadar em sangue. A Terceira Trombeta tocará, e tudo aquilo que conheces arderá com a estrela que atingirá todo o pecado que suja este planeta. Irás tentar esconder-te, mas ouvirás a Quarta Trombeta e sobre ti cairá a escuridão eterna, perder-te-ás no mundo como a tua alma se perdeu há tanto tempo. Começarás a rezar, implorarás para seres perdoado mas abater-se-á sobre ti a Quinta Trombeta, e com ela os gafanhotos, com cara de homem, dentes de leão, cabelo de mulher, coroas douradas e armaduras de ferro, e a estes será ordenado que atormentem todos aqueles que não têm o Selo de Deus. Passarás cinco meses nesta tortura e vais apenas implorar para seres um homem morto quando finalmente a Sexta Trombeta tocar e sobre a Terra cavalgarem as tropas que trarão com elas o fogo, o fumo e o enxofre, que cairão sobre todos aqueles que se recusam a arrepender-se e mudar. Esta será a tua última oportunidade de o fazeres, porque à Sétima Trombeta graças serão dadas a Deus Todo-Poderoso, será louvada a ira que assolou o mundo, agradeceremos pelos mortos que foram julgados e pelos servos de Deus recompensados. O Templo de Deus abrir-se-á no Céu e rejubilaremos pela eterna força, glória e reinado do Senhor. Não vires as costas, irmão, abre os teus olhos e vê a forma como temos vivido, como poderia Deus deixar-nos viver assim sem nos castigar? Como podemos nós maltratar os nossos iguais? Como pudemos deixar governar alguém que mata em busca do purismo que lhe apraz? E como podemos agora deixar alguém fazer o mesmo? Não aprendemos nós com os nossos erros? Estaremos nós destinados a este círculo vicioso do qual não conseguimos escapar? Porque temos nós de julgar e ofender os mais fracos? Porque não podemos viver em paz e harmonia, amando-nos como Deus nos ama? Porque escolhemos que o Anticristo nos governe, com a sua falsa inocência e paz, sentado no seu cavalo branco, sabendo nós que essa é a abertura do Primeiro Selo? E agora que ele se prepara para o conflito e para a Guerra, abrindo o Segundo Selo, continuamos sem o ver pelo que é verdadeiramente? Seremos assim tão cegos? E quando este trouxer o cavalo preto, a fome e a escassez, quebrando o Terceiro Selo? Continuaremos a apoiá-lo? Esperaremos pelo Quarto Cavaleiro, que traz nele a Morte e é seguido pelo Inferno? Ou acordaremos e devolveremos a paz ao mundo? Ainda temos tempo para a redenção, ainda podemos tentar impedir o fim e dar início a uma Nova Era, uma Era mais humilde, honesta. Irmãos, não podemos continuar a viver desta forma, nesta irremediável existência em que tudo piora, nada melhora, devemos pensar no nosso futuro e não viver na ilusão de que somos eternos e indestrutíveis, porque apenas Deus o é. Seremos nós os eternos sonhadores que não conseguem acordar e ver a realidade diante dos seus olhos? Fará tudo isto parte da nossa maneira narcisista de existir? Deus deu-nos o início deste mundo, dar-lhe-emos nós o fim? Seremos assim tão ingratos? É hora de mudar os nossos hábitos egoístas e de nos arrependermos da forma como temos vivido, só assim poderemos prevenir o fim que nos foi revelado no Grande Livro, só assim teremos outra oportunidade de refazer as nossas vidas, repensar as nossas escolhas e opções, dar voz aos mais fracos e retirar o poder aos que nos oprimiram durante séculos. Juntos triunfaremos, divididos cairemos! Não me virem as costas, irmãos, peço-vos!
O metro chegou e a voz de António foi engolida pelo ensurdecedor barulho do comboio, as pessoas, que o ignoravam, entraram para as carruagens e nunca mais olharam para trás, pensando nele apenas quando chegaram às suas casas ao fim do dia e contaram às suas famílias sobre o “Maluco Apocalíptico da Linha Amarela”."
- Ana Raquel Lopes
