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Assunto De "ANJO MOTARD"

Esta obra é, essencialmente, um diário sobre o meu primo Pedro Gonçalves. Para mim, conhecê-lo e amá-lo foi um imenso privilégio. Ele faleceu de cancro no princípio do ano de 2016 e foi uma das pessoas que mais me custou perder. Este diário é tão trágico como a própria vida e é, também, muito pessoal. Partilho nele uma história muito especial e cheia de significado. A meu ver, trata-se de uma bonita e importante homenagem que teve origem no meu coração e na perda que eu sofri e que a família e amigos sofreram.

 

Infelizmente, as pessoas ao nosso redor estão sempre a morrer e eu sei que essa é a grande sina de viver: perder sempre aqueles que mais amamos. É trágico e é real. Para mim e para a minha família, perder o Pedro foi um acontecimento muito marcante. Afinal, ele tinha 38 anos e uma vida inteira pela frente. O cancro levou-o, sem qualquer tipo de aviso. Então, eu percebi, da pior forma possível e talvez demasiado tarde, que as pessoas boas também morrem cedo. Foi com essa consciência que este diário evoluiu para algo muito maior do que eu própria.

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Apesar de ser o fruto de um doloroso ano de perda, eu quero lembrar que este livro não é um manual sobre como se deve lidar com o luto, muito pelo contrário. Espero que ele ajude a entender que cada um de nós tem a sua forma de lidar com a dor de perder alguém que nos é querido. Não há uma forma correta de viver o luto mas é certo que é necessário vivê-lo com o objetivo de nos mantermos saudáveis e conseguirmos seguir em frente (mesmo que nunca esqueçamos).

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Quando eu escrevi a primeira carta ao meu primo, ele ainda estava vivo, mas ele nunca chegou a lê-la porque entrou em coma pouco depois. Eu escrevi-lhe todos os dias desde então, mesmo quando ele já era um anjo eu não parei de escrever. Estas páginas começaram como uma forma de manter a esperança e tornaram-se uma forma de entender e aceitar, talvez. Eu quis continuar a escrever-lhe sempre. Todos os dias sem exceção, não importava o quão cansada eu pudesse estar. Quando o ano de 2016 estava quase a chegar ao fim, eu comecei a juntar alguns dos melhores textos que escrevi para ele, naquele diário sentido (e sem qualquer sentido), e fiz dele o que é hoje juntamente com a Chiado Editora.

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Está aqui, agora mesmo, o fruto de um ano de luto. E eu só desejo que o meu primo Pedro esteja orgulhoso de mim por ter retirado das cinzas algo que, apesar de ser pelos motivos errados, se tornou tão bonito. Ainda assim, não posso impedir-me de desejar que este livro não seja real e que ele volte. Enfim…

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A quem o ler: que ame as minhas palavras, que as leia com atenção (devagar ou depressa, cada um com o seu ritmo) e que as entenda. É tudo o que peço.

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