O Reencontro
Passo pelas pessoas na rua. Olho-as com atenção. Passo por entre elas como o vento, passando e sem lhes tocar. Penso em ti, enquanto estou no meio da multidão de pessoas que não conheço. Pergunto-me se algum dia chegaste a passar por estas pessoas por quem, hoje, eu passo. Elas vivem, alheias ao mundo, sem saber o que passámos juntos. E, de súbito, sinto-me numa cúpula. Sem saber ao certo onde estou ou o que faço. Desde que te foste tudo parece um mar de dolorosas incertezas. Ainda assim, meu querido, ontem quando jantei com a tua família, no restaurante onde jantámos todos juntos pela última vez, foi reconfortante. Foi importante para mim. Abracei-te com o coração, saudei-te com um suave toque e honrei-te com o copo nos lábios.
Fica agora escrito em eternas palavras a forma como guias o meu coração e a minha vontade. Eu sei que estiveste connosco ontem (e sempre), a sorrir pelo amor que pairou no ar daquela “festa”. O carinho e a união. Ainda me faltas. Ainda nos faltas. Isso ninguém pode negar. Se a minha boca falasse pelo meu coração, gritaria de saudade. Então, dos meus lábios, acaba por sair um sussurro baixo de como te adoro tanto, e depois o silêncio. Um silêncio gritante que tudo corta. Corta até a felicidade. Pergunto-me se é por isso que não a encontro em pleno.
Sinto-me num reencontro. De alma para alma, confesso-te: reencontro-me contigo de cada vez que penso em ti e de cada vez que estou com os teus.