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Espelho Meu

Olho-me ao espelho, enquanto penteio o meu inacabável cabelo. Largo a escova. Tenho os olhos brilhantes das lágrimas que derramei há pouco. Dói-me o coração. Ele grita de saudades. Agora, de pé, em frente do espelho, posso imaginar-te.

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Imagino-te como se fosse real. Sei de cor os traços, os passos, os gestos, a intimidade. Se aqui estivesses, irias caminhar até mim e encaixar-te na imagem patente no meu espelho. Como se eu não fosse nada sem ti. E não sou. Irias repousar as tuas mãos na minha cintura. Imagino o trajeto dos teus lábios até ao meu pescoço, para um beijo carinhoso e leve. A imagem é clara: o teu queixo no meu ombro, os meus lábios a curvarem-se para um sorriso e o meu coração a encher-se de amor. As minhas mãos iriam de encontro às tuas e ficaríamos juntos, a olhar o espelho na eternidade insuficiente que temos para admirar esta perfeita imagem. Em algum momento, virar-me-ia ao teu encontro e beijar-te-ia os lábios com doçura. E é como se cada passo do momento que não existe estivesse gravado na memória que também não existe. No fim, permito-me voltar à realidade.

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Volto a uma realidade diferente, ainda diante do enorme espelho. Mas, em vez dos olhos vermelhos, tenho um sorriso. Um sorriso que não havia antes de ti. Recordar-te faz-me sempre sorrir. És um motivo feliz para a minha alegria. E isto acontece-me tantas vezes: ver-te ou imaginar-te a encaixar em mim, no meu dia-a-dia, como se fosses uma peça essencial do meu puzzle. A realidade vive na minha imaginação absurda, contigo.

Não quero imaginar mais. Corro para ti, para os teus braços. E sinto o teu maravilhoso perfume. És a minha casa, o meu lar. O mundo em ti é cheio de paz. O recanto que quero, como meu, para a eternidade. E eu amo-te sem te dizer, mas tu sabes. Certo?

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Casa comigo. Quero que cases comigo. Casa comigo e vamos ser felizes. Não preciso que me respondas. Só preciso que cases comigo e me digas: onde queres passar a lua de mel?

 

Lara Filipa xX

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